terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Da sua janela, você enxerga o quê?







Já que estamos falando em mudar de paisagens... Ando pensando algumas "cositas.."

Nós somos nossa família, nossas vivências, nossos amigos. E também somos o lugar em que passamos a maior parte de nossas existências. Recentemente atentei para esta (aparentemente) evidente constatação. Uma vez ouvi falar que a Tati Quebra Barraco, autora de sucessos como "Fama de putona" e "Atoladinha", por mais que tenha faturado o suficiente para comprar um apê longe da Cidade de Deus, não larga sua comunidade natal por nada neste mundo. O meu interlocutor estava um pouco surpreso com a notícia que ele havia lido mas, sinceramente, a informação não me chocou nem um pouquinho. Eis que hoje, ao ter decidido escrever sobre o tema, preferi confirmar a informação e li a seguinte notícia no site "O Fuxico":

"Prestes a completar 27 anos (...) talvez este seja o melhor aniversário comemorado por Tati Quebra-Barraco (...) Apesar de não deixar a comunidade natal, Tati Quebra-Barraco passa boa parte de seu tempo fazendo shows pelo Brasil"

De acordo com a assessoria de imprensa da cantora, "os amigos da Tati já foram convidados e, para se ter uma idéia, serão 600 caixas de cerveja, que terão que ser geladas na piscina".

Hoje em dia, é senso comum pensar que dinheiro é sinônimo de mudança de apartamento, de bairro, de estilo de vida e se possível até de cidade. Pura arrogância. Nós somos também as ruas pelas quais passamos, as paisagens com as quais nos impregnamos, as raízes que criamos.

Se a paisagem que nos impregna não é lá essas coisas, isso poderia nos levar a pensar que o negócio é "sartar fora" assim que possível, para até mesmo nos tornarmos "seres humanos melhores". Mas beleza, minha gente, não é tudo. Vide o documentário "Sou feia mas tô na moda", que mapeia o funk carioca e cujo título é também o nome de um dos batidões da Tati. "Quem ama o feio, bonito lhe parece" já diz o ditado. Aceitar isso, e não se surpreender, é deixar de lado nossa arrogância e perceber que a felicidade não mora apenas nas areias de Ipanema; nos Cafés do Leblon ou ainda nos shoppings e lofts da Barra da Tijuca e afins.

Para mim, a maior pobreza e feiúra de todas, a única que é inaceitável e que me faz ter vontade de passar a vida bem longe, é a pobreza espiritual. Eu penso que vivemos uma época em que impera a feiúra. Mas não é a feiúra da falta de dinheiro e ou da falta de locais chiques e bacanas que me incomoda. Me incomoda mais a feiúra dos horizontes estreitos.

Vejam: a Tati pode querer passar a vida inteira na Cidade de Deus. Mas se a sua mente estiver conectada com o mundo, se a grana que ela ganha contribuir para que ela tenha outras referências, sonhe mais, aprecie outros estilos de vida e tenha a certeza de que sua comunidade NÃO é o centro do universo: OK!!. O dinheiro já terá cumprido algum papel importante na vida da Tati.

Para mim, quase tudo na vida é uma questão de relativizarmos: os nossos problemas, as nossas certezas, o nosso conceito de "beleza"; "pobreza"; "feiúra". Quando vivemos assim, ampliamos nossas mentes, conquistamos o mundo. Mesmo morando em pindamoiangaba.

3 comentários:

Eu e minhas praias.... disse...

Julia, gostei das suas considerações. Nós somos também nossa rua, nossa casa, bonito isso. E a pior feiúra é a espiritual, concordo.
Beijo grande,
Bia
blog: www.someaguafresca.blogspot.com

teoriasrabugentas disse...

É isso aí, Júlia... Não importa se somos Celebration ou Speboration! Agora, só uma dúvida que coloco aqui... Tati Quebra-Barraco cantou Atoladinha?... conheço por outra, eu acho. ehehehee Dela eu conheço "Dako é bom" e a famigerada "Sou feia mas to na moda"... Enfim. Continue relativizando! que isso que vale... beijos

Anônimo disse...

Oi Ju!

Adorei o seu texto! Como vc escreve bem hein, menina! E por falar e relativizar ... acho que na época de faculdade algum professor deu um texto cujo título era "Relativizando".

Bjo da July July