segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

La Isla Bonita


Gente boa, depois de longo tempo me movimentando na incomunicabilidade, eis que retorno ao meu querido Balaio.

Embora com saudade, confesso que me fez bem este período em que estive desinteressada em me fazer compreensível. Estava de férias! Em um dos lugares mais paradisíacos do mundo. Uma ilha realmente muito, mas muito bonita. Depois vou colocar algumas fotos aqui para vocês verem.

Mas minhas férias não serão o tema desde post de reestréia. Eis que chegamos ao final deste 2008. Para mim, foi um ano esquisitinho à bessa. Não vai deixar saudades. Mas foi um ano de grande aprendizado. Hoje posso dizer que sou uma pessoa melhor. Mais ciente do que eu quero para mim, do que desejo para você, do que eu aceito vindo de você, e do que eu não aceito, em hipótese alguma.

Iniciei este ano em uma outra ilha, olhando para o céu e pedindo que só me acompanhasse o que realmente fosse me fazer bem. E eis que findo o ano na companhia do que tenho de melhor: o meu próprio silêncio. E agora, mais do que nunca, me (re)encontro: só. A melhor noticia é que esta sensação começa a me deixar bastante feliz.

Quero falar agora sabe de que?... Do show da Madonna, uma das coisas boas que me aconteceram este ano. Confesso que prefiro a Madonna de La Isla Bonita do que esta que aí se apresenta, super ultra mega hiper purpurinada vitaminada sarada e eletrônica. Mas... fazer o que? Vivemos hoje em um mundo de beats e aparências. O que realmente me chamou atenção no show foram as imagens do telão e todo o deslumbrante aparato tecnológico. Talvez até mais do que as músicas e coreografias. Eu preferia a Madonna daquela roupa estampada de bolinhas dançando Holiday e movimentando os bracinhos no ar. É verdade. Mas a Madonna de Sweet and Stick Tour continua tendo a sua graça.

Não apenas pela forma física e pelo fôlego impressionantes, mas por tentar dizer alguma coisa para uma massa humana que, aonde ela vai, a acompanha. A Madonna se recusa a ser fake. Os anos se passaram, se passam, e ela não se torna uma decadente e desbotada cópia de si mesma. Ao contrário de tantos cantores que ficam repetindo os mesmos sucessos a vida toda, lamentando os tempos de outrora que os anos não trazem mais, a Madonna é do tempo presente: ela é viva. Ela afeta e é afetada pelo que vivemos hoje. E se o que vivemos hoje é menos emocionante, autêntico, simples e/ou ingênuo do que o que vivemos algumas décadas atrás, a música da Madonna reflete isso.

Faster than the speeding light
She's flying
Trying to remember
Where it all began

Eu achei a platéia um pouco morna em alguns momentos, a expressão da Madonna um pouco triste em outros, mas também isso é super atual. Nada melhor do que encerrar este ano, neste mundo tomado por gente e notícias “fakes”, comentando um show desta loura morena ruiva heterohomobitranspanssexual que resiste em se enquadrar. Ela tinha tudo para ter virado uma caricatura de si mesma. Mas não virou. Foi muito bom ouvir de novo Boderline, agora em outro ritmo, e constatar que a música continua linda. Tudo à ver:

Something in the way you love me
Won't let me be
I don't want to be your prisoner so baby
Won't you set me free

Foi muito bom poder identificar, naquela Madonna de “ontem”, a atualidade que sempre esteve presente.

I want to be where the sun warms the sky
When it's time for siesta you can watch them go by
Beautiful faces no cares in this world
Where a girl loves a boy, and a boy loves a girl

Volto de férias desejando estar nesta La Isla Bonita. Mas não quero retornar aos tempos de outrora não! Fico torcendo para que, num futuro próximo, cada um redescubra dentro de si aquele pedacinho de terra where the sun warms the sky, when it’s time for siesta lalaialalaia....