quarta-feira, 20 de maio de 2009

Caminhando e cantando: Relacionamento Já!


Aconteceu outro dia na Avenida Rio Branco a “Passeata dos sem namorado”, que reuniu cerca de 400 pessoas, de todos os credos, raças e idades. No discurso dos manifestantes, nota-se a ânsia por encontrar aquela delicada serenidade experimentada quando nos sentimos amorosamente ligados a outro individuo. Algumas amigas minhas “tacaram pedras” na manifestação: “coisa de gente que não tem o que fazer”, “o fim da picada”. Já eu não vejo problema no fato dessas pessoas terem se juntado e feito uma caminhada pelo centro da cidade em plena luz do dia. Ao menos se reuniram para dividir publicamente certa aflição que vejo presente aqui e acolá, no discurso de muitas mulheres e de alguns homens.

Quaisquer que tenham sido as reais motivações para o surgimento daquela aglomeração - credulidade, falta do que fazer, pobreza de espírito, vontade de aparecer, ou genuína curtição – eu aprovo. Achei a idéia uma farra. Aprecio movimentos e manifestações, embora seja um pouco triste o cenário que os motiva a existir. Não estou "em busca de um namorado", e acho engraçado quando acontece de algumas pessoas se dirigirem à categoria dos “solteiros” como se tudo o que precisassem na vida fosse de um “par”. Não acho, no fundo, que a passeata seja por namorados(as). Talvez, um manifesto em prol dos relacionamentos. Amizade, para mim, é a espécie de relação mais importante de todas. Se tivéssemos hoje em dia, em lugar dessas “ficadas, rolos e pegações” a velha e boa amizade colorida.. Vejam que diferença! Na década de 60/70, usavam esta bela palavra, e ela ainda vinha seguida de “colorida”.. Hoje em dia... Cadê a amizade? Cadê colorida?

Vejo homens e mulheres se achando super contemporâneos quando na verdade o que fazem é seguir normas de um padrão que diz: tenho pavor de compromisso, tenho horror à relação, não se aproxime demais que eu te deleto! Gostaria de saber quando foi que a palavra compromisso deixou de significar afeto, cuidado com o outro, para significar apenas um manto de obrigações chatas e e cobranças. Compromisso a gente tem com quem a gente gosta, não apenas com marido e mulher, namorado e namorada. É sair um pouco de si e pensar: será que fui sincera(o) quando disse aquilo? Será que agindo assim estarei sendo mané? Relacionamento para mim é troca, é soma. Não tem simplesmente aquele sentido de "comecei um relacionamento". Portanto eu decreto, em alto e bom som, sem medo de ser piegas e deixando de lado a hipocrisia: Eu quero me relacionar! Eis meu manifesto singelo e individual, mas não menos barulhento. Claro, não é qualquer um ou qualquer uma que terá o privilégio da minha emoção. Para alguns, a amizade, para outros, um olhar de empatia, ou ainda minha reprovação. Mas não passo a vida indiferente. E acho que muito mais importante do que um(a) namorado(a) nessa vida é a gente não perder jamais o frescor de sair por aí sem eira nem beira, deliberando seja o que for em movimentos e caminhadas.

Muitas vezes, um namorado até atrapalha...Mas relação de verdade, nunca é demais.

domingo, 17 de maio de 2009

Revolução verdadeira é a que muda o coração


Recomendo o filme: "Entre os muros da escola". A princípio, me pareceu não trazer grandes novidades. Cheguei a achar meio cansativo. Mas, vejam que surpresa, quando cheguei em casa, e já no caminho de volta da sala de cinema para o meu quarto, o filme surtiu bom efeito. Aparentemente chovendo no molhado, ele é sutil e delicado. Quebra estereótipos. O professor bem que tenta alcançar, se comunicar com os alunos, mas não consegue. Acho que devia ser exibido em todas as escolas e universidades. Repito uma frase linda de um forró cantado por um ex eterno amor meu: "Revolução verdadeira é a que muda o coração". Acho que a verdadeira revolução, se vier, virá pela educação. E qual o tipo de educação que nós queremos? Da minha parte, aquela que fala ao afeto e ao coração. Não dá para ficar defendendo um ensino que só fala do cateto da hipotenusa. Ensinar é conflitante, então é preciso abrir espaço para o conflito, acolher o conflito e aprender com ele. Ninguém tem a voz da verdade. Nem os alunos, nem o professor. É preciso muito mais humildade nesta Terra, para que a verdadeira aprendizagem possa florescer por aí.

Sobre sorrir e chorar


Tenho andado sumida, talvez porque ande mais ocupada com a vida do que com reflexões sobre a vida. Bom mesmo é se ocupar das duas coisas ao mesmo tempo: eis o meu atual desafio. Incrível que depois de ter caído, chorado, sofrido, pareço ter ficado mais bem humorada. Às vezes um sorriso brota do canto da minha boca, quando as situações me parecem as mais inusitadas. Um sorriso que vem de um fracasso, mas também, de uma ponta de esperança. E não é que li, na Revista de Domingo, uma frase da Marisa Orth, a atriz, dizendo: "As melhores piadas começam quando a maçaneta sai na mão. É quando a fé acaba que você começa a ficar engraçada". Concordo plenamente. O que seria do humor sem a tristeza?

Hoje consigo sorrir ao ver a dificuldade alheia, sem achar que ela é minha. Hoje consigo sorrir vendo minha própria dificuldade, e penso que um dia, terei outras, não mais essa(s). Experimento outras paixões. Me apaixono a cada dia. A vida é muito curta para ficarmos para sempre chorando. A propósito: a foto não tem relação direta com o post. Eu ia inserir outra, mas veio essa, então deixei o destino agir... e deixei, já que tem o dom da leveza e da graça.