quinta-feira, 25 de julho de 2013

Futebol, política e religião: é hora de debater – não discutir!



Atualmente atravessamos em nosso país um momento de muita efervescência. Jogos preparatórios para a Copa do Mundo; manifestações por melhorias na política, na economia, saúde e educação; visita do expoente máximo da Igreja Católica, o papa Francisco.

Andando pelas ruas, nestes tempos de guerra e paz no Rio de Janeiro, que confusão: não se sabe quem é manifestante patriota; peregrino; manifestante vândalo infiltrado; peregrino infiltrado; amante de micareta; careta; policial infiltrado; bandido infiltrado; bandido; joelho infiltrado; policial; Mulheres de chico; Francisco... Nossa cidade e nosso país ganharam um ar – ainda que por enquanto apenas nas ruas - verdadeiramente democrático.

Mostramos ao mundo que não somos tão somente o Brasil do futebol e do carnaval. Mais do que nunca, cremos que Deus é Brasileiro e pode fazer milagres. Como levar uma multidão para protestar, colocar os desejos para fora, dizer a que viemos e o que buscamos. Numa nação que parecia dormir em berço esplêndido, isso é muito. É quase um sonho. Ou melhor: um sonho acordado. Sobre o que virá por aí, pouco sabemos. Já protestamos ao lado de estádios de futebol, para chamar a atenção de quem está de olho na Copa. Já fomos ao Congresso, bater panela na porta da casa de políticos, lançamos pedras e sonhos em frente a prefeituras. E agora, vivemos um momento transcendente. A visita de um Papa, que nos lembra do lado de cá e do lado de lá da vida. Um Papa chamado Francisco, que ao menos no nome nos lembra de valores ligados à simplicidade, humildade, generosidade. Embora esses eventos tenham naturezas bastante diferentes - futebol, política e religião – parecem ter sido orquestrados (quem sabe?) por forças astrais que nos fazem sair da rotina. Colocar as bandeiras para fora da janela, refletir sobre o uso que fazemos delas... Olhar para dentro do nosso coração. Exigir mudanças que não podem esperar. Pois nosso corpo é feito de sangue. Nossas veias pulsam, a vida é aqui e agora. O que estamos fazendo da gente? Todas essas reflexões, suscitadas pela inquietação do mundo que nos cerca, não são em vão. Assim esperamos. É hora, sim, de debater futebol, política e religião. Ao contrário do que nos ensinaram desde que viemos ao mundo – "sobre estes temas, não se discute”. Essas três áreas estão envoltas por um componente passional - onde mora o "perigo". Mas a diferença entre futebol e política e futebol e religião... é que o primeiro (futebol) não altera substancialmente a vida de ninguém. Já nos outros dois campos... não circulam bolas e jogadores... mas entram em cena valores e decisões que alteram a vida de muita gente. De forma imperiosa e impiedosa. Mais do que nunca, é hora de refletir, trocar ideias, pensar nossa política, nossa religião, nossas crenças e formas de inserção neste universo. Debate é sempre sadio – a não ser quando uma torcida parte para agredir a outra, apenas porque não compactua com a mesma bandeira. Isso, sim, é vandalismo. O resto é necessidade – urgente – de evolução.