terça-feira, 23 de agosto de 2011

Solteira(o) no Rio de Janeiro?


Inconstante, incoerente e superficial. A vida de solteira(o) por alguns momentos te parece assim ? Ouvi recentemente esta definição de uma amiga e fiquei pensando no quanto este aspecto da solteirice já me incomodou. Ser solteira, em alguns momentos, pode se parecer com o estado terminal de alguma doença grave (principalmente se você nasceu ainda na década de setenta, ou, vai lá, no comecinho dos oitenta...). É que nesta fase boa parte das mulheres começa a se encantar com bebês fofinhos que passam no meio da rua, a pensar em esquentar mamadeiras e viver, em família, algo próximo aos comerciais de margarina.

Viver uma rotina feliz, com o homem e os filhos amados bem próximos, em uma casa simpática. Ter um trabalho legal. Poder, vez em quando, viajar pelo mundo, ou pelo país, ou mesmo pelo bairro. De mãos dadas. É ou não é o que boa parte das mulheres (ainda) procura? O mesmo vale para o sexo masculino, com as devidas adaptações. A questão é que esta felicidade nem sempre mora ao lado... Às vezes, acontece de não encontramos a tão sonhada realização por meio da história-margarina. O que fazer?

Para começar... as pessoas não deveriam se definir como “solteiras” ou “casadas” ou “namoradas”. Tem tanta gente casada mais só do que tanta gente solteira. Tanta gente solteira que sabe namorar tão mais do que tantos casais de namorados... E por aí vai. O que agrava a vida de solteira, especialmente hoje em dia, é a superficialidade dos contatos travados entre os sexos. Ainda que seja só sexo, ainda que tenha sido apenas só por uma noite, as pessoas andam muito pouco... criativas, generosas, amigas, cuidadosas.

Se quisermos particularizar a questão, existe um tipo específico de solteiro(a) que age como alguém da Idade da Pedra, puxando pelo braço, agarrando pelo pescoço, atacando na maior sem cerimônia. Sem o menor estilo. Esta espécie, que talvez encontre algum tipo de anabolizante perfeito para se proliferar nas condições climáticas do Rio de Janeiro, também existe, é claro, em todo o continente e por todo o planeta.

Pessoas que dizem que vão ligar e não ligam, que demonstram um afeto falso, que desdenham da consideração e do sentimento das outras pelo simples prazer de alimentar o próprio ego e se envaidecer. Gente que cultiva diversas relações paralelas sabe-se lá para quê. Quando seres como esses topam com gente que, ao contrário, curte se relacionar (ainda que seja durante um simples chope, ou para uma boa transa...) a situação complica.

Nem sempre é fácil identificar esses “tipos” pelos músculos e pelo estilo easy going. Também podem usar óculos e ter cara de intelectual. Ou podem usar saias e ter cara de menina muito sensata. O fato é que pessoas que não sabem – ou não desejam – se relacionar afetivamente existem por toda a parte. Infelizmente, parecem encontrar hoje em dia mais força para reafirmar esta estranha identidade.

Casada(o) ou solteira(o), não deixe que ninguém te defina com base em uma dessas condições que, sim, são passageiras. Não somos, mas estamos. E, estando, vamos sendo... O que importa é o movimento, a nossa busca pessoal, seja pelo que for. Momentos de alegria profunda e genuína experimentamos tendo ou não alguém do nosso lado.

Para escapar da superficialidade, da incoerência e da inconstância, não é preciso que a gente tente, com esforço, se agarrar a uma dessas cercas de fazendinha de comercial de margarina. A busca é mais profunda e, sim, exige algo que encontramos estando ou não solteiras: introspecção e solidão.

3 comentários:

Jurandi Siqueira disse...

Existe um vazio falsamente completado com sorrisos e um não sei o quê, que deixa as pessoas aparentemente bem, pois cumpriram com algumas etiquetas depois se afastam educadamente. Nada deixam; nada constroem de legal; também nada fazem de errado, apenas se vão e nem raiva podemos dela sentir; como sentir qualquer coisa de coisa alguma?

Isabel Cassano disse...

Estava com saudades dos seus textos... Adorei! Concordo com vc..... Casadas, solteiras, juntadas, separadas... Não importa... Cada estado civil traz suas dores e delícias.

Bia Romero disse...

Que texto bom, Julia. Me fez refletir bastante, realmente o tempo em que estamos solteiras traz o sentimento de inconstância e superficialidade. A vida em família traz a ideia de constância e sentido. É o que o ser humano anseia. As relações poderiam ser mais preenchedoras. Vamos lutar por isso, sendo nós mesmas pessoas mais cuidadoras e verdadeiras em nossas relações amorosas. Beijão grande.