segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A pequena grande força do acaso



Uma das melhores descobertas dos últimos dias foi o filme O Pequeno Nicolau, baseado na história do ícone francês que tem carisma equivalente ao do personagem "Menino Maluquinho" brasileiro. À princípio, achei a história leve, divertida e sensível. Mas conforme o tempo foi passando, passei a gostar ainda mais deste filme despretensioso, e que por isso mesmo é de uma simplicidade especial.

O filme é interessante por conseguir transportar o expectador para a perspectiva infantil. É como se por duas horas passassemos a ver o mundo pelos olhos do menino, e de forma bastante próxima daquele olhar da nossa própria infância. Nicolau é uma criança bastante sonhadora, imaginativa, que tem alguns amigos com personalidades igualmente marcantes. Algumas passagens do filme são tão bonitas justamente porque bastante singelas. A narrativa é marcada por uma naturalidade que nos faz rir com os personagens.

O imponderável me pareceu o aspecto mais interessante do roteiro do filme. Toda a história é apoiada na imaginação do garoto, que fantasia a chegada de um irmãozinho e acaba se envolvendo nas maiores confusões, por acreditar que será abandonado pelos pais e trocado pelo irmão. Enquanto isso, o pai da criança procura de toda forma ser promovido no trabalho, tentando oferecer ao chefe um jantar, impressioná-lo de alguma maneira, o que se mostra estéril.

O casal não anda bem, briga por qualquer besteira, e a atmosfera da casa é tensa. Mas, de repente, quando menos se espera, o pai de Nicolau evita que o chefe seja atropelado, de forma bastante banal e espontânea, sem qualquer intenção de "impressionar". Um gesto aparentemente bobo acaba fazendo com que ele obtenha a confiança do patrão, e tudo ao redor de Nicolau começa, como que magicamente, a melhorar. O que ficou para mim, do filme, é a idéia de que todos querem controlar seus destinos, mas alguma coisa que escapa, essa força do imponderável, é o que acaba construindo a história real do pequeno Nicolau.

Bacana pensar, já muito distante do cinema, como a gente às vezes se empenha tanto para alcançar, ou evitar, alguma coisa, e de repente, "magicamente", a vida dá um jeito de resolver o que parecia nebuloso. Mesmo as frustrações, que no mundo infantil são ainda mais intensas, têm o seu lugar. Quem não viu, veja.

2 comentários:

Jurandi Siqueira disse...

É imprensionante como a gente percebe quando a pessoa está bem; adoro seu blogo e quero ver esse filme. Parabéns.

Isabel Cassano disse...

Eu já tinha ouvido falar mto bem deste filme. Agora fiquei com mais vontade ainda de vê-lo. Gostei da sua relexão no final do texto. Muito bom, Julia. Bjos